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Escolas públicas pedem prova da cor dos cabelos dos alunos

Publicado em 26 de fevereiro de 2021, em Sociedade

Escolas públicas de Tóquio pedem aos alunos com cabelos que não fossem pretos comprovassem que a cor do cabelo era natural.

Imagem Ilustrativa

A NHK noticiou na quinta-feira (25) que mais de 40% das escolas públicas do ensino médio (koko) de Tóquio pediram aos alunos que preenchessem uma notificação comprovando a cor natural dos cabelos.

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O caso foi descoberto quando a assembleia do Partido Comunista pediu ao Comitê Educacional de Tóquio divulgar as informações do comunicado. Segundo o partido, das 177 escolas de Tóquio, 79 emitiram o documento.

O “certificado” pedia aos pais escreverem qual é a cor natural dos cabelos do(a) filho(a), e assinarem o documento, que foi enviado apenas aos alunos cujos cabelos não são pretos ou são encaracolados.

Algumas escolas perguntavam se os cabelos “são castanhos” e até se o aluno(a) usava chapinha. Para comprovar a informação, é pedido aos pais entregarem uma foto antiga do aluno que evidenciasse os cabelos.

“Queremos que os alunos relatem informações sobre o cabelo para prevenir orientações e mal-entendidos sobre o assunto, mas não é obrigatório”, explica o comitê.

“Certificado de Cabelos Naturais” (Imagem: NHK)

Uma aluna que recebeu o comunicado disse ter ficado com medo da reação da escola. “Fiquei apreensiva se a escola não implicaria comigo por não ter entregado”, comenta em entrevista para a NHK. “Meu cabelo é mais claro do que o normal, e muitos professores já comentaram sobre isso”, disse.

A atitude foi criticada por especialistas em educação. A professora Chieko Sakurai, da Universidade Kwansei Gakuin, comenta que a atitude não reflete a realidade desta era. “É muito surreal porque hoje temos muito mais diversidade e crianças estrangeiras (no Japão). Essa atitude não condiz com a nova era. Negar a aparência é negar a própria existência das crianças. Isso pode ser interpretado como violação dos direitos humanos”, disse.

Kayoko Oshima, especialista em educação e direitos escolares e professora da Universidade Doshisha, comentou que o comitê invadiu a privacidade dos alunos. “Por exemplo, nas aulas de educação física, são necessárias algumas regras, como prender o cabelo de pessoas com cabelos mais longos, para garantir a saúde e segurança. Mas, não acho que seja necessário proibir até a cor do cabelo. O certificado que pede a emissão de informações corporais é uma violação à privacidade. É uma orientação que passou dos limites”, fala.

Fonte: NHK

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