Vitrine de sua marca (Flickr) e Issey Miyake em 2016 (Wikimedia)
Soube-se na terça-feira (9) que o designer de moda japonês Issey Miyake (三宅 一生), cujo nome verdadeiro é Kazunaru Miyake, faleceu aos 84 anos, por causa de um carcinoma hepatocelular, câncer que começa nas células do hepáticas, na sexta-feira (5).
Miyake nasceu na província de Hiroshima em 1.938, participou de movimentos estudantis e depois de se formar pela Universidade de Arte de Tama, Tóquio, arrumou suas malas e foi para a França, onde aprendeu as técnicas da alta costura tradicional, trabalhando com grandes nomes.
Depois, foi para os Estados Unidos onde vivenciou a cultura hippie, e quis fazer roupas tão familiares e funcionais quanto jeans e camisetas, independentemente da classe social.
Marca Issey Miyake conquista Paris
Em 1970 fundou o Miyake Design Office. No ano seguinte lançou a marca Issey Miyake e já em 1973 estreou nas passarelas de Paris.
O designer japonês chamou a atenção pelas suas peças femininas inspiradas nos tradicionais kimonos, os quais ele os chamava de “um pedaço de pano”.
O trabalho representativo Pleats Please é um design sofisticado com pregas finas em toda a superfície do tecido, o qual foi patenteado pela memorável tecnologia. Foi chamada de escultura vestível devido à beleza criada pelas pregas sobre o corpo. O tecido é leve, oferece mobilidade, é fácil de lavar e altamente funcional. Ainda continua vendendo muito.
Design e inovação
Depois disso, Miyake buscou roupas baseadas em design e inovação, ao invés da moda passageira baseada em tendências. Em cooperação com fabricantes de têxteis nacionais e fábricas em áreas de produção, expandiu as possibilidades de roupas, como a A-POC, que é moldada integralmente a partir de um único fio por um computador, para criação de roupas usando fibras recicladas.
Seus trabalhos inovadores que quebram as noções preconcebidas de vestuário, feminino e masculino, foram altamente aclamados e foram exibidos em museus ao redor do mundo.
Convidou Obama a visitar Hiroshima; e era amigo de Steve Jobs
Em 2009, impressionado com um discurso do presidente dos EUA, Barack Obama, pedindo a abolição das armas nucleares, ele contribuiu com um artigo para o New York Times. Nessa ocasião, revelou sua experiência com o bombardeio atômico, sobre o qual raramente havia falado até então, e convocou o presidente a visitar Hiroshima.
Em 2010, foi condecorado com a estrita Ordem da Cultura no Japão e, em 2016, com o Comandante da Legion d’Honneur da França. No mesmo ano, realizou uma exposição individual de grande escala no National Art Center, Roppongi, Tóquio.
Foi Issey Miyake o designer da famosa gola alta preta usada por Steve Jobs, com quem tinha amizade.
Admirados pelos artistas e designers do mundo, Miyake criou obras belíssimas na alta costura, na moda, se estendendo aos acessórios, malas e perfumes.
Nos últimos anos, ele se absteve de atividades públicas, mas mesmo após a disseminação do novo coronavírus, ele se preocupou com as tendências de novos projetos sob a marca e enviava seus conselhos aos funcionários, trabalhando a partir de sua casa.
Fontes: Yomiuri, Nikkan Sports e Sankei
